domingo, 13 de julho de 2008

Pressão pós Senna e a era Ferrari

Nesse último capítulo da "saga" Rubens conta seus anos de F1, sua primeira vitória, as decepções e alegrias de Ferrari.

No decorrer dos próximos anos tive que conviver com a enorme pressão que, de alguma maneira, por algumas vezes por ingenuidade minha e outras por maldade de outras pessoas, foi colocada sobre mim. Hoje eu lidaria com tudo isso de uma maneira bem diferente. Porém isso serviu para me ajudar a ser o homem que sou hoje.
Os anos foram passando e fui conquistando ótimos resultados. Só que, agora, um pouco mais devagar do que eu gostaria, como a pole no Grande Prêmio da Bélgica em 1994 e o segundo lugar no Grande Prêmio do Canadá em 1995.
Em 1996, depois de 3 anos da Jordan achei que tinha que mudar e a proposta da Stewart era muito boa. Não financeiramente, pois demorei muito para ganhar algum dinheiro, mas porque acreditávamos que seríamos competitivos com a Ford nos apoiando. Em 1997 tirei uma pausa nos treinos e resolvi assumir oficialmente meu relacionamento com a Sil. Nos casamos no dia 24 de fevereiro. Sem dúvida, a Silvana teve um papel importantíssimo do decorrer da minha carreira. Ela me ajudou a lidar com todas as coisas boas e as más de ser um piloto de Fórmula 1 e sou muito grato a Deus por sua existência. Tivemos ótimos momentos com o Grande Prêmio de Mônaco de 1997, quando cheguei na segunda colocação com um carro que quebrou 14 vezes em 17 provas.
E melhores ainda com o três pódiuns em 1999 que me levaram a assinar com a Ferrari. Muitos acharam que eu estava completamente maluco ao assinar com a Ferrari de Schumacher. Havia passado por logos anos andando com carros que não me permitiram ser o Rubens tão vitorioso das categorias anteriores e eu precisava provar pra mim mesmo que continuava vitorioso. Era um desafio mais para mim mesmo do que qualquer coisa: voltar a ter a confiança em meu potencial.


2000 chega com grandes esperanças de mais pódiuns e de finalmente poder chegar a minha primeira vitória. No dia 31 de julho de 2000, depois de largar em 18º devido a problemas elétricos durante a classificação, consegui atingir meu terceiro objetivo: vencer uma corrida de Fórmula 1. Aquelas últimas voltas debaixo de chuva na metade do circuito e eu andando de pneu de pista seca foram momentos muito emocionantes e inesquecíveis!!! Não conseguia parar de pensar em todas os sacrifícios que minha família fez para que eu chegasse até ali. Foi um flash back de tudo que havia acontecido até aquele momento.
Em 23 de setembro de 2001 nasce nosso primeiro filho, o Eduardo. O Dudu tem sido um grande incentivador e seu nascimento foi algo que me trouxe muita paz e tranquilidade para continuar lutando pelos meus objetivos. Sempre que chego em casa após um corrida batemos um papo do que ele achou. Certa vez, após uma das duras corridas que disputei, ele me perguntou: “Porque você estava com cara de bravo no podium se o podium é uma coisa tão maravilhosa??”. Prometi a ele que motivo algum me faria ficar com cara de bravo no podium novamente! E eu que achava que não amaria ninguém igual ao Dudu, mas em 12 de setembro de 2005 nasceu o Fernando, nosso segundo filho, e percebi que estava errado.
Pilotei 6 duros e longos anos pela Ferrari e sou muito grato a eles, pois a equipe me ajudou a conquistar os dois vice-campeonatos, as nove vitórias, os 25 segundos lugares e os 21 terceiros lugares, sem contar as poles e as voltas mais rápidas e os 5 títulos de construtores que eu ajudei, e muito, a conquistar. Aprendi muito com eles e com o Schumacher, e saio da Ferrari muito ansioso pelo futuro. Me sinto quebrando paradigmas da Fórmula 1. Aos 33 anos me sinto mais competitivo do que nunca. Pela primeira vez, apareceu uma real oportunidade de mudar o que já era bom para, agora sim, perseguir meu quarto objetivo: conquistar um título de Fórmula 1.

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